Faça uma breve apresentação do seu histórico em audiovisual.
Eu sou formada em Radio e TV pela Universidade São Judas Tadeu, dentre todos os trabalhos na universidade, fizemos um documentário sobre a série O Mundo da Lua e que esta passou em diversos locais, tais como MIS e Cinemateca e foi bastante elogiado. Já fiz alguns curtas, todos como resultado de algum curso e sempre atuei como produtora. Atualmente trabalho no MIS (museu da imagem e do Som), onde além das visitas educativas, ministramos oficinas de audiovisual, dentro do MIS e fora dele.
Qual o tema abordado no curta metragem? De onde veio a inspiração?
O curta “1972” retrata a vida de Eduardo, um senhor que tem sequelas psicológicas e físicas devido a torturas sofridas durante a Ditadura Militar, ele vive apenas com ele mesmo, dentro do seu mundo, solitário e depressivo. E devido a manifestações que acontecem na cidade, Eduardo se depara com pedidos de volta da Ditadura Militar e isso traz péssimas lembranças.A inspiração dos roteiristas, Maisa Pimentel e Marco Antônio, foi devido a manifestações que ocorreram em 2014 e 2015 em todo Brasil, onde havia diversos cartazes pedindo a volta da Ditadura e aqueles que passaram por isso ficaram indignados com a ignorância brasileira.
Como foi o desafio de transcrever o roteiro para imagens?
Sempre existe a expectativa e realidade, principalmente quando o projeto não tem uma boa verba e a equipe trabalha em outras coisas e grava o curta no tempo livre, isso faz com que o material final nunca seja o que de fato queríamos, tivemos muitas dificuldades em dar vida imagética ao roteiro, dúvidas sobre qual seria o melhor plano e a melhor luz, formas de mostrar determinadas ações, tentar fugir dos padrões, além de dificuldades de produção mesmo, achar a melhor locação, agenda dos atores, isso tudo influi no trabalho final, porém mesmo com todos os problemas conseguimos criar algo bem próximo ao que tínhamos pensado inicialmente.
Qual a importância das oficinas da Kinoforum e quanto ajudou o projeto a se tornar realidade?
Esse tipo de iniciativa é indispensável, pois o mundo do cinema é complicado, ele tem lugar para quem sabe fazer, para quem está aprendendo é muito difícil você conseguir entrar em um projeto, então ter oficinas que propiciem essa experiência é crucial para você fazer parte dos que sabem, são profissionais que te ajudam e te aconselham, e nada mais importante que aprender fazendo.
Quais as locações utilizadas na filmagem?
No curta “1972” foram três locações - Memorial da Resistência, um depósito em Sto. Amaro e um bar no bairro Bom Retiro.
Qual impacto você espera que o curta tenha nas pessoas que o vejam.
Espero que vejam o quão precisamos saber, e entender, o passado para não repetir os mesmos erros no futuro, isso vale para a Ditadura, para o Nazismo, mas as guerras, para o racismo, e assim vai, entender que ouvir uma pessoa só falar que foi uma boa época não quer dizer que de fato tenha sido uma boa época, muitas vezes a pessoa que disse isso estava do lado que estava tudo, ou por não representar perigo ou por ser aquele que aniquilava o perigo.
Ficha técnica da equipe do Curta.
Direção - Junior Oliveira
Assistência de Direção - Maisa Pimentel e Rodrigo Ribeiro
Roteiro - Maisa Pimentel e Marco Antônio
Fotografia - Adriane Sanseverino e Marco Antônio
Captação de Som Direto e Foley - Renato Albuquerque e Rogério Ultramari
Produção - Jessica Silva e Karina Vieira
Trilha Sonora - Renato Albuquerque
Entrevista por Sandro Duarte
Fotos por Rafael Ferreira
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