segunda-feira, 14 de março de 2016

Entrevista com Jéssica Brito, produção em “1972”

Chega ao fim mais uma temporada das nossas Oficinas.

Conversamos com alguns dos selecionados que nos contaram sua experiência em participar das Oficinas Kinoforum e ter uma possibilidade de novas vivências e experiências oferecidas gratuitamente a todos pela Prefeitura, com o aprofundamento nas questões que envolvem a realização audiovisual, o desafio de transcrever o roteiro para imagens e suas expectativas de impacto aos espectadores. Acompanhe nossa entrevista com Jéssica Brito, produção em “1972”:


Faça uma breve apresentação do seu histórico em audiovisual.

Eu sou formada em Radio e TV pela Universidade São Judas Tadeu, dentre todos os trabalhos na universidade, fizemos um documentário sobre a série O Mundo da Lua e que esta passou em diversos locais, tais como MIS e Cinemateca e foi bastante elogiado. Já fiz alguns curtas, todos como resultado de algum curso e sempre atuei como produtora. Atualmente trabalho no MIS (museu da imagem e do Som), onde além das visitas educativas, ministramos oficinas de audiovisual, dentro do MIS e fora dele.

Qual o tema abordado no curta metragem? De onde veio a inspiração?

O curta “1972” retrata a vida de Eduardo, um senhor que tem sequelas psicológicas e físicas devido a torturas sofridas durante a Ditadura Militar, ele vive apenas com ele mesmo, dentro do seu mundo, solitário e depressivo. E devido a manifestações que acontecem na cidade, Eduardo se depara com pedidos de volta da Ditadura Militar e isso traz péssimas lembranças.A inspiração dos roteiristas, Maisa Pimentel e Marco Antônio, foi devido a manifestações que ocorreram em 2014 e 2015 em todo Brasil, onde havia diversos cartazes pedindo a volta da Ditadura e aqueles que passaram por isso ficaram indignados com a ignorância brasileira.


Como foi o desafio de transcrever o roteiro para imagens?

Sempre existe a expectativa e realidade, principalmente quando o projeto não tem uma boa verba e a equipe trabalha em outras coisas e grava o curta no tempo livre, isso faz com que o material final nunca seja o que de fato queríamos, tivemos muitas dificuldades em dar vida imagética ao roteiro, dúvidas sobre qual seria o melhor plano e a melhor luz, formas de mostrar determinadas ações, tentar fugir dos padrões, além de dificuldades de produção mesmo, achar a melhor locação, agenda dos atores, isso tudo influi no trabalho final, porém mesmo com todos os problemas conseguimos criar algo bem próximo ao que tínhamos pensado inicialmente.

Qual a importância das oficinas da Kinoforum e quanto ajudou o projeto a se tornar realidade?

Esse tipo de iniciativa é indispensável, pois o mundo do cinema é complicado, ele tem lugar para quem sabe fazer, para quem está aprendendo é muito difícil você conseguir entrar em um projeto, então ter oficinas que propiciem essa experiência é crucial para você fazer parte dos que sabem, são profissionais que te ajudam e te aconselham, e nada mais importante que aprender fazendo.

Quais as locações utilizadas na filmagem?

No curta “1972” foram três locações - Memorial da Resistência, um depósito em Sto. Amaro e um bar no bairro Bom Retiro.



Qual impacto você espera que o curta tenha nas pessoas que o vejam.

Espero que vejam o quão precisamos saber, e entender, o passado para não repetir os mesmos erros no futuro, isso vale para a Ditadura, para o Nazismo, mas as guerras, para o racismo, e  assim vai, entender que ouvir uma pessoa só falar que foi uma boa época não quer dizer que de fato tenha sido uma boa época, muitas vezes a pessoa que disse isso estava do lado que estava tudo, ou por não representar perigo ou por ser aquele que aniquilava o perigo.

Ficha técnica da equipe do Curta.

Direção - Junior Oliveira
Assistência de Direção - Maisa Pimentel e Rodrigo Ribeiro
Roteiro - Maisa Pimentel e Marco Antônio
Fotografia - Adriane Sanseverino e Marco Antônio
Captação de Som Direto e Foley - Renato Albuquerque e Rogério Ultramari 
Produção - Jessica Silva e Karina Vieira
Trilha Sonora - Renato Albuquerque

Entrevista por Sandro Duarte
Fotos por Rafael Ferreira

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